C.H | Sarah Hundson | Capítulo 11

O sol pendurou-se no céu secando o asfalto molhado por conta da chuva que ocorrerá naquela noite de sábado.
Mesmo que a temperatura estivesse razoável naquela manhã de domingo, Caleb e Cher ainda estavam debaixo das cobertas tentando reunir coragem para levantar dali e dedicar-se a seus afazeres.
O homem deixou um beijo na nuca de Chelsea gerando arrepios contínuos na mulher.

-Bom dia, querido. -Ela sussurrou com voz de sono totalmente entorpecida.
-Bom dia, querida. -Respondeu Parker do mesmo jeito, sorrindo nasalado.
O silêncio prevaleceu entre os dois somente por alguns segundos até o suspiro longo do homem quebra-lo, Campbell ficará pensando no quanto os dois agora pareciam um casal que acabará de ter um noite maravilhosa regada a amor e sexo, porém nem tudo que aparentava ser era de fato o que acontecia.
Ela voltou seus pensamentos ao motivo que a fez  parar nos braços de Caleb , o mesmo qual ela jamais imaginou ter tamanho grau de intimidade.
Cher sorriu baixinho.

-Do que ri? - Parker questionou levantando um pouco a cabeça na esperança de conseguir fitar o rosto de Chelsea.
-Jamais imaginei que ... Que estaria aqui, assim ... Com você.-Concluiu a frase com dificuldade como se o seu orgulho a impedisse de admitir, orgulho qual se esvaia aos poucos, pois agora Caleb não demonstrava mais ser uma ameaça a mulher já que a ajudará além do imaginado.
-Eu também nunca imaginei isso. - Afirmou no mesmo momento que se achegava mais a linda moça em seus braços, diminuindo ainda mais as forças que ela havia reunido para conseguir se levantar dali.
-Obrigado. - Disse.
-Não agradeça. - Pediu Parker dando um final aquele assunto.
-Caleb? - Campbell o chamou quase que sussurrado.
-Oi.
-Como soube que os avós maternos de May estão na luta pela guarda dela também? - Perguntou Campbell recordando-se vagamente do pesadelo que havia tido horas atrás.
-Sarah me procurou sexta-feira no centro de treinamento.- Parker disse, lembrando-se das palavras da mulher e de sua proposta.
O coração diminuiu no peito.
-Hum, entendi. - Ela murmurou passando as unhas medianas nas mãos másculas que paravam em sua barriga por debaixo das cobertas em um carinho que o fez fechar os olhos e esquecer os pensamentos turbulentos. - E por quê ela não me procurou para dar essa informação também? - Cher questionou e o homem fechou os olhos fortemente.
-Acho que ela imaginou que eu fosse te contar, já que estamos convivendo juntos.- Falou ele sutilmente na esperança de passar confiança em suas palavras.

Sabia que Sarah havia o procurado justamente porque estava interessada neste e louca para ficar com o homem, no começo ele correspondia as artimanhas da psicóloga, agora perderá totalmente o interesse e não conseguia descobrir por qual motivo aquilo havia acontecido, não compreendia porque não correspondia mais a suas mensagens e não sentia também aquela atração pela mulher.
Começará a acreditar que o interesse por ela veio pelo motivo de querer a guarda de May, queria usa-la para tira-la de Chelsea pois sabia que só conseguiria isso com a ajuda de Sarah, com o passar do tempo o vínculo com a babá tornou-se mais intenso e depois Caleb passou a imaginar e cogitar a real possibilidade da criança ser dos dois.
Porque conseguia facilmente se imaginar criando May com Chelsea e nem se quer pressupor a possibilidade de viver com Sarah?
Agora, ele sentia o peso da responsabilidade pesar em seus ombros por saber que o destino da vida de May estará em suas mãos.
Parker sairá de seu desvaneio ao perceber Chelsea se mexer na cama saindo de seu abraço deixando-o vazio, com o frio que o corpo quente dela deixará por conta de sua ausência.
-Precisamos nos levantar. -Afirmou a mulher, Andrew a puxou de volta, assustando-a de inicio, ficando por cima da mesma e sendo sustentado por seus braços, com uma ideia brilhante rodeando sua mente.
-Caleb! May já já acorda. -Continuou Cher, fingindo costume quando na realidade, as mãos tremelicavam.
-Só você pode me ajudar. -Caleb soltou, ignorando o questionamento de Chelsea, e a mulher debaixo dele percebeu os olhos do homem perdidos nos dela.
-Posso? - Ela ergueu uma de suas sobrancelhas em uma cara enigmática.
-Pode. - Afirmou convicto, sorrindo de lábios rosados.
-Como e no que? - Cher se apressou em perguntar com a curiosidade lhe consumindo por inteiro.
-Fingi ser minha? - Caleb soltou olhando-a nos olhos e a intensidade com a qual a frase fora proferida fez o coração de Campbell bater mais forte no peito, como se o "Fingi" tivesse sido substituído pelo  "Seja".
Mas não, não tinha.
E com os olhos perdidos nos do homem, ela soltou o que lhe veio a mente no segundo.
-Que?
-Preciso de você, me ajuda. -Ele pediu sustentando o olhar no dela.
-Não posso fazer isso, Sarah logo vai perceber, nos odiamos.
-Não nos odiamos. -Parker falou quase por cima da voz de Campbell, como se soubesse que seria justamente aquilo que ela falaria,e sua frase foi o motivo do silêncio predominante que se seguiu. -Não nos odiamos mais. - Continuou, agora com a voz mais macia.
-E por que você quer que eu finja ser sua ?- Cher perguntou enquanto outra pergunta surgia em sua mente, bombardeando seus pensamentos - E primeiramente ... Sua OQUE ?
-Namorada. -Caleb soltou e Campbell gargalhou debaixo dos olhos de Andrew.
-Lógico que não Andrew! -Exclamou, ele prendeu-a mais firmemente, sentindo seus braços falharem por estar muito tempo sustentando seu peso sobre eles.
-Por favor. - Pediu calmo, passando seu nariz pela bochecha ruborizada da mulher, quando ela já tinha sessado sua crise de riso.
-Por que você precisa que eu faça isso? -Questionou ignorando os arrepios que lhe preencheram o corpo.
-Porque juntos conseguiremos a guarda de May. - Era pra afastar Sarah e faze-la não querer mais nada com ele também, mas Parker jamais diria aquilo a Chelsea. - É melhor que se, alguém consiga a guarda de May que esse alguém seja ao menos um de nós.
-Mais será. -Campbell disse, mas falou mais para si mesma.
-Não será. Sarah me disse que a lei impõe prioridade aos avós da criança por terem mais idade, só então depois, se caso eles recusarem a justiça recorrerá aos tios. E esses casos são raros. -Parker comentou caindo ao lado de Chelsea na cama por sentir os braços doerem, e os dois fitaram o teto perdidos em pensamentos.
A mulher se sentiu um nada, um zero a esquerda, totalmente inútil.
A guarda estaria agora entre os avós e Caleb e infelizmente não haveria nada que ela pudesse de fato fazer, a não ser ...
-Se juntar a você. -Campbell pensou alto e o homem a olhou sem entender. - Vou me juntar a você e juntos conseguiremos a guarda da bebê. - Cher soltou sorrindo largo.
-Era isso que queria que entendesse. - Caleb riu ao ver seu sorriso, e a felicidade que a esperança lhe causou foi um sentimento indescritível. -, se os avós conseguirem a tutela, May não será de nenhum de nós dois, mas se eu consegui a guarda da pequena, ela será nossa. - Completou seu pensamento, mais feliz ainda por notar que a mulher ao seu lado seguia sua linha de raciocínio.
Se aproximou dela e tocou seu rosto com delicadeza, ela a olhou com olhos líquidos de esperança e Caleb soube que os dele refletiam também o mais infinito sentimento.

-Vai me ajudar? -Perguntou erguendo-se por sob um braço ainda com uma de suas mãos na face de Cher.
-Só nas visitas de Sarah? -Ela perguntou erguendo as sobrancelhas e Parker analisou a situação assentindo, concluindo que aquele havia sido o plano perfeito.
Ele conseguiria a guarda de May e afastaria Sarah.
Aproximou-se ainda mais de Campbell percebendo seus cabelos jogados sob a cama, seu pescoço tão amostra, beijou sua bochecha devagar e desceu os lábios para seu pescoço inalando seu perfume adocicado. Cher fechou os olhos sem saber oque fazer.
-Estou apegado a você. - Ele disse e Campbell não compreendeu o sentido daquelas palavras. - Você me atrai. - Continuou sussurrando no pescoço da mulher, enquanto ela não sabia definir a sensação mais forte. 

O toque, o cheiro másculo muito perto ou suas palavras.
Foi exatamente na passagem de um pensamento a outro que o choro de May se foi ouvindo no outro cômodo. 
Cher empurrou o homem com falsa delicadeza e correu para prestar cuidados a criança no quarto ao lado.

Gritando a frente dele um "Depois a gente conversa mais."

●

Aquele dia havia sido um dia importante, mesmo que ambos não tenham saído de casa para absolutamente nada.
Caleb ligará para seu advogado e os dois marcariam de se encontrar na segunda-feira para conversar sobre os assuntos pendentes.
Parker cogitava a possibilidade de expor as investidas de Sarah e dizer a ele oque acontecia entre ele e Chelsea, porém só cogitava.
-Andrew? - Cher o chamou assim que entrou na sala com May em seus braços, já era a tarde.
-Oi. - Respondeu.
-Você não vai comer nada? - Campbell perguntou e a preocupação ficou visível em seu tom de voz.
-Vou sim, não se preocupe. - Afirmou, sorrindo para ela na intenção de lhe passar confiança em uma expressão que dizia que estava tudo bem, mesmo que não estivesse.
Cher andou até Caleb, e no mesmo instante que a mulher sentou ao lado do homem, May levantou a cabeça para sorrir pra ele dando os braços em um pedido de colo.
-Ela ama você. - Observou Chelsea, sorrindo do ato da criança que agora estava no colo do homem.
-Ama você também. - Caleb disse parecendo saber exatamente o que ela precisava ouvir.

Roger atravessou a sala e deitou-se nos pés de Campbell, e ela estranhou a atitude dele.
-Oque faz aqui grandão? - Perguntou sorrindo e percebeu pelos sentidos do cachorro que estava com medo de alguma coisa.
O seu riso se desfez e a mulher abaixou-se para faze-lo um carinho, talvez ele apenas sentia-se solitário.
-Estamos aqui Roger. -Afirmou Campbell franzindo as sobrancelhas e sentando-se no chão para ficar mais próximo do animal que imitia um barulho estranho.

Alguém bateu na porta, e de repente nem mesmo May fazia barulho algum. 

Cher levantou-se e correu para atender a mesma sendo surpreendida por Sarah Hundson, assustou-se. 

-Boa Tarde, queridinha. - Saldou a morena de olhos castanhos escuros, Campbell reparou rapidamente nos trajes casuais de Hundson concluindo, que ela não teria vindo a trabalho.

-O que deseja? - Cher tomou liberdade para falar com a moça de maneira ríspida. 

-Desejo Caleb Parker. - Afirmou abrindo um sorriso que mostrava quase todos os dentes, demonstrando haver um pingo de segundas intenções e sentidos em sua frase, Campbell permaneceu séria. 

-Você veio a trabalho? - Indagou Cher, segurando a porta com a mão que estava do lado de dentro. 

-Você sempre foi assim mal educada? -Rebateu.

-Só com pessoas como você. 

 -Sarah! - Parker apareceu na porta com May em seus braços grandes repletos de tatuagens, Chelsea reparou em seu olhar que se dirigiu rapidamente ao corpo da mulher robusta a sua frente. - Oque faz aqui? - Passou a mão pela cintura de Chelsea fazendo-a lembrar da conversa que haviam tido de manhã cedo. 

-Não vai me convidar para entrar? -Questionou Hundson com a voz melosa, fazendo Campbell revirar os olhos. 

-Não precisa, se você não veio a trabalho. - Cher rebateu e Parker segurou a risada.

-Entre. - Caleb disse e guiou o corpo de Chelsea para dentro para dar espaço a Sarah, a mulher ao lado dele reparou em seu olhar para o corpo da outra que passava parecendo desfilar com seu perfume que fazia as narinas de Campbell arder por ser doce além do normal. 

Roger rangiu do tapete parecendo identificar a ameaça, latiu forte  para a morena que desviou o caminho e parou temendo o avanço do animal enfurecido. 

Chelsea fez uma nota mental:

"Avance Roger, mate ela por mim."

-Caleb, posso conversar com você em um lugar mais...- Ela parou para observar o ambiente barulhento por conta do cachorro que latia ferozmente, falando em um tom de voz diferente do formal que ela utilizava quando estava a trabalho. - reservado. - Completou passando a mão de unhas longas pelo peito do homem, os olhinhos verdes de May observaram aquele feito. 

Campbell passou as suas em direção a bebê no colo do homem, batendo nas de Sarah propositalmente. 

Estava morrendo de ciúme. 

E aquele ciúme, não era de mentirinha. 

-Vou deixar vocês a vontade. -Disse ríspida, pegando May do colo de Caleb, estava brava. 

Saiu em seguida chamando Roger para ir com ela, ele rangiu para Sarah novamente, mas atendeu ao chamado da dona. 

Chelsea caminhou até o local onde  Roger costumava dormir, para deixa-lo ali certificando-se de que tinha comida e água suficiente para o animal. May bateu os bracinho para ele gargalhando, adorava brincar com o mesmo. 

-Amanhã vamos passear com Roger, May? - Comentou com a bebê e ela não tirou o sorriso pequeno dos lábios. Cher beijou sua testa, sentindo amor. 

Ignorando completamente a sensação de raiva que sentia por Sarah.

Sarah Hundson P.O.V

-Não ligue para Cher, ela é um poço de ciúme. - Caleb comentou sorrindo pequeno, insegurança. 

-Não ligo pra ela anjo. - Comentei chegando mais perto, ele desviou do meu toque e foi em direção ao sofá sentando-se ali.

-O que veio fazer aqui? -Perguntou e eu reparei em sua testa franzida, anos de estudo me renderam bons conhecimentos sobre o comportamento humano e sobre também o significado por de trás deles.

-O que me esconde? - Rebati com outra pergunta. 

-Você é louca? - Questionou sorrindo nasalado e eu me aproximei com a resposta certa pronta para sair de meus lábios. 

-Por você. - Disse. 

- Quero que saiba que... Eu e Chelsea estamos nos dando melhor agora. -Ele ignorou minha resposta e eu me sentei a sua frente, mesmo que podendo sentar ao seu lado só pra observar melhor suas expressões, cruzei as pernas e segui seu olhar.

-Não se odiavam?

-Muita coisa mudou. - Afirmou.

-Humm, conte-me mais. 

-Eu e Chelsea estamos gostando um do outro e analisando a possibilidade de conseguir a guarda de May e cuidar dela nós dois juntos. - Titubeou ao final, eu sabia que minha falta de palavras o incomodava, mas o silêncio é sempre a melhor forma de descobrir a verdade.

-Como isso aconteceu? - Perguntei ignorando meus sentimentos mais amorosos. 

Não tinha que ter medo de perde-lo, pois eu não o tinha. 

Ainda. 
Parker deu de ombros e permaneceu e silêncio por alguns segundos. 
-Eu e Cher entramos em um acordo. -Comentou apenas.

-Isso já responde a minha pergunta. -Disse no intuito de faze-lo lembrar de nossa última conversa. - Responde a pergunta que me fez vir aqui hoje. -Caleb permaneceu estático. 

-A guarda de May ficará sob a tutela dos seus avós maternos. - Falei decidida. 

"Excesso de conhecimento sobre um determinado assunto, leva a loucura."  

Nota Breve da Autora: Eu to tremendo. Esse capítulo me gerou mil e uma inseguranças, tenho medo que ele tenha ficado incoerente. 

Contem-me na caixinha de comentários oque acharam e se estão entendendo direitinho. 

Meeeel ! Seus comentários são lindos, só o fato de lhe ver ai me deixa muito alegre. 

Minha alegria se compara a alegria de vocês ao verem capítulo novo, quando vejo um comentário. 

Fico feliz, muito feliz. 

Enfim... é com muito tremor que envio essa atualização... hihi

FUI! 

Antes que desista e volte atrás.