C.H | Abigail Phillips | Capítulo 2

Abigail Phillips


"Especial é aquela pessoa que faz você acreditar que realmente existe algo bom no mundo."




-COMO ASSIM “PERDE-LA?” – Gritei entre o sufoco que as palavras de Caleb haviam causado em mim, ignorando completamente a vontade de chorar.

-Já entrei na justiça, e vou lutar pela guarda de minha sobrinha, não entendeu ainda? – Eu não poderia deixar que as lágrimas escapassem, não poderia. –Quer que eu desenhe? – Andrew foi mais irônico desta vez e eu tive que fazer um esforço enorme para que as lágrimas não rolassem.

-Como consegue ser tão ridículo a este ponto?- Neguei o encarando com o queixo erguido em quanto eu o fuzilava, a voz embargada denunciava a vontade de chorar, mais eu lutaria até o último para que não o fizesse.

-Por que diz isso?- Perguntou-o

-Seu irmão e sua cunhada sofreram um acidente há dois meses e faleceram e você simplesmente ignora o ocorrido focando apenas em não lembrar, você... Você é um arrogante, prepotente, convencido e ignorante!- cuspi as palavras sem saber que final dar a elas. O homem me fitou como nunca antes fitara

-Não dá pra viver eternamente preso ao passado, a única coisa que realmente me importa agora é May Parker. – ele disse seco.  Levantei-me cambaleando e percebendo seu olhar interrogativo sobre mim, podendo assim o encarar nos olhos.

-Este “passado” que você diz não ter importância...

-Eu não disse isso, não venha inventar de incluir aqui, frases e assuntos que se quer foram ditos! – Andrew me interrompeu aumentando o tom de voz.

-VOCÊ NÃO SE IMPORTA!-Berrei. -, NÃO SE IMPORTA! DESDE O OCORRIDO VOCÊ TEM VINDO AQUI, DADO UM BEIJO NO ROSTO DE MAY E IDO EMBORA EM SEGUIDA COMO SE NÃO TIVESSE ACONTECIDO NADA COM SEU IRMÃO E SUA CUNHADA. PELO AMOR NÉ CALEB!-Levei as mãos ao teto.

-Isso te incomoda? –Ele questionou-, porque eu acho que o que você tem, é inveja de mim. – O fitei deixando uma gargalhada nervosa escapulir de minha garganta.

-Sério?- Levantei as sobrancelhas em uma expressão irônica.

-Você não consegue seguir em frente. – Entortei o lábio me perguntando de onde poderá sair tanta frieza e falta de amor. – Não se preocupe-, ele continuou vendo que eu estava submersa a tantos pensamentos que se quer fora capaz de responde-lo - May e esta casa não serão mais motivos pra você lembrar-se de meu irmão e Lilly.

-Você não vai tirá-la de mim. – Afirmei.

-Háá sim! –ele riu-, eu vou. – As lágrimas presas em minha garganta rolaram sem permissão, o homem subiu as escadas correndo e eu sabia que faria porque ansiava por ver a sobrinha, sentei-me no sofá com as mãos tremulas no rosto.
-Onde esta May? - Assustei-me ao ouviar a voz grossa do alto das escadas, enquanto a informação chegava lentamente em meu cérebro.
-Ela não esta ai? - Perguntei equanto me levantava de pressa ignorando o joelho que latejava de dor.
-MAIS EU DEIXEI ELA AÍ EM CIMA ANTES DE DESCER E... – À medida que falava, fazia o maior esforço para levantar-me e subir as escadas. Caleb Andrew sairá batendo as portas de todos os cômodos em quanto gritava o nome de May, minha garganta seca implorava por água, mas minha preocupação não deixava eu me acalmar. Chorava enquanto procurava pela garota, ainda sendo capaz de escutar o homem murmurar alguns “Não acredito que possa existir babá mais irresponsável” ou “Eu preciso conseguir a guarda de May, não posso deixá-la mais nenhum instante perto desta louca”  “Chelsea não está normal” Poderia muito bem debater ou gritar, pedindo para que calasse a boca, mas as lágrimas, a dor e a preocupação não deixavam meu orgulho passar os comandos e as ordens. Sai desesperada pelas ruas daquele bairro sentindo o sol quente bater em minha pele esquentando-a. Perguntei aos vizinhos, e até as pessoas que passavam na rua se haviam visto uma garotinha de lindos olhos verdes por aí ou no colo de alguma pessoa, e todos respondiam da mesma forma, ninguém se importava, ninguém queria saber, poucos os que se comoviam ou demonstravam sensibilidade por minha situação.
Como minha vida podia dar tão errado? Me perguntava a todo momento como não havia morrido, como suportava tanto?

Entrei novamente, me preparando para acionar a polícia, sabendo que, isto só daria mais motivos para que eu perdesse de vez a guarda da menina. Chorei e lamentei novamente, agora gritando desesperadamente, pedindo perdão aos pais de May aonde quer que os mesmos estivessem, sem conseguir observar o desespero de Caleb.

-Escute bem aqui- Ele apareceu em minha frente, coberto de ira. -, O QUE VOCÊ FEZ COM MAY SUA LOUCA ? - Ele pegou em meus braços com sua força desmedida e me chacoalhou brutalmente.
-Eu não fiz nada. - afirmei em soluços descontrolados.
-E PORQUE ELA NÃO ESTÁ AQUI? - O homem se indireitou ficando maior que eu, passando as mãos soadas nos cabelos, vi lágrimas se formarem no canto de seus olhos, não o respondi. -Vou acionar a polí...
O telefone tocou e eu o atendi com as mãos frias, e a voz embargada que demonstrava meu medo não contido.

“Alô Chelsea?” – Era Abigail

-Diga.

“Está tudo bem por aí... Só um instante, espere.” – ,pediu e eu franzi o cenho esperando que ela voltasse à linha novamente, desejando do fundo do meu coração que aquela ligação tivesse logo um fim. “May! May! Não mecha aí!” – Ouvi-a dizer e derepente um sentimento de ira e alívio se alojou dentro de mim, não sabia se chorava, ou se sorria. “Então, como ia dizendo liguei só pra...”

-Calma! –interrompi a mesma. O cenho ainda franzido e uma das mãos no cabelo, Caleb me fitava agora mais de perto- May está aí? – Perguntei em quanto apontava para um espaço vazio, meu coração desesperado dentro do peito.

“Sim... Achei que soub...”

-Traga-a IMEDIATAMENTE – Disse e finalizei a ligação no mesmo instante, batendo o telefone com força no gancho. A raiva que sentia não me permitia se quer respirar direito.

O silêncio tomou o lugar e agora, sentia o olhar atento do homem em mim.
Suspirei, tombando o corpo por completo para trás, pendendo a cabeça juntamente com todo meu peso, bufei fechando os olhos lentamente, desejando incontrolavelmente por um bom banho e uma cama para dormir, dormir e dormir, de preferência, até que tudo isso acabeasse.

-Já entendi- Andrew disse. Continuei com a cabeça pendida para trás, mas direcionei-a para ele, fitando-o com olhos atentos, porém cansados. Odiava a mania que Andrew tinha de pronunciar sempre a última ou primeira nota mental, depois de fazer isto ele simplesmente não afirmava mais nada.

-Entendeu o que?
-Você não serve pra ser mais nada de May. – Ele disse vacilante, porém seguro.
-O que quer dizer com isso?
- Que estou certo do que vou fazer. – Ele me deu as costas saindo em seguida.

As lágrimas já não precisavam mais pedir licença, elas simplesmente desciam sem previsão prévia, eu queria poder não ser tão fraca a ponto de demonstrar isto tão facilmente, mas eu tinha motivos para não conseguir ter a segurança necessária; Eu estava prestes a perder a guarda de May, e provavelmente prestes a ir morar na rua, já que não fazia idéia de onde ficar. Eu deveria ter pensado nisto, eu deveria, mas infelizmente a vida não nos avisa quando vai pregar peças, tirá-las de nossa vida ou simplesmente removê-las. Os Parker’s eram uma das pessoas mais importantes pra mim, já que foram os mesmos que me acolheram quando mais precisei e me abraçaram quando até meus próprios pais me deixaram. Passei as mãos nos cabelos procurando raciocinar de uma forma mais sã, porque sentia como se estivesse vivendo e morrendo tudo ao mesmo minuto, esta manhã não foi uma das melhores, mais eu precisava encontrar uma saída e tornar este dia mais sossegado.
 Caleb esta andando, evoluindo e buscando fazer o melhor para ele neste momento visando May uma prioridade. Eu preciso fazer mesmo, mas, como? Andrew está casas e mais casas depois de mim, enquanto estou parada no sofá de uma mesma lamentando a vida e pensando no que poderia ter feito ontem, isto seria realmente sugestivo e normal depois da dor de uma perda? Será que estou realmente agindo da forma correta referente aos acontecimentos? Poxa! Eu acabei de perder uma boa parte de mim, e estou prestes a perder a outra metade!
Ouvi o barulho de um carro estacionando em frente e deduzi ser Abigail, levantei-me secando as lágrimas e arrumando o cabelo em um coque frouxo esperando que ela abrisse a porta e entrasse com May em seu colo, e assim se fez.

-Bom dia meu amor!- Abigail sempre foi o posso de graça e palhaçada, mas hoje não estava sendo um dia tão maravilhoso para por a mesa o prato de felicidade e riso.- Por que desligou o telefone gritando daquela maneira?- Abigail questionou dando May em meu colo e se afastando sorridente, indo em direção a cozinha enquanto observava atentamente os traços da garotinha em meu colo. Ela havia tomado banho e o cheirinho de creme corporal baby chegava até minhas narinas facilmente.

-Fiquei preocupada. -, disse depois de dar um leve beijo na testa de May e abraçando-a em seguida.

-Nossa! Precisamos fazer compras!- A mulher gritou da cozinha, provavelmente depois de abrir a geladeira constatando não ter nada que a agradasse. – Há sim! Desculpe não ter avisado, vim aqui mais tarde e a encontrei cochilando no sofá. Preferi levar May comigo para passar um tempo lá em casa brincando com Ethan -, ela afirmou. – Ele está tão chato menina! – Ethan era seu filho mais novo, cujo fui babá por algum tempo antes do nascimento de May, Abigail era uma das amigas intimas de Lillian, e por este mesmo motivo acabamos nos conhecendo e ficando intimas também. A Mulher me ajudava sempre me dando o apoio necessário, me auxiliava com May e quase sempre me apoiava ajudando nas dispensas da casa e entre muitas outras coisas, por este mesmo motivo e pelo fato de nos amarmos tanto, era quase impossível ficar brava com ela, pois eu tinha consciência de que tudo que a mesma fazia era pensando em me ajudar, e então o que eu menos queria era magoá-la. Suspirei por um momento observando Abigail de perfil.

-Obrigada. - Agradeci decidindo ignorar a lembraça de horas atrás.

-Que nada. – Abigail voltou com dois copos de suco nas mãos dando-me um deles, agradeci e acompanhei com os olhos a mulher sentando-se em um dos sofás a minha frente. May brigou para descer e então a coloquei no chão vendo a mesma brincar com um dos sapatos que estavam jogados no canto da sala de estar.

-Obrigado por cuidar de May por mim nesta manhã. –agradeci-a dando um gole na bebida e sentindo por um único instante a sensação de alívio.

-Sabe que isso não quer dizer nada, - Abigail me observou bem pela primeira vez  - aconteceu alguma coisa que eu não saiba, mas que queira dizer?- A mulher pareceu notar minha preocupação evidente.

-Caleb veio aqui agora pouco, - Disse e Srª Phillip fez sinal para que eu continuasse. Não era nenhuma novidade a vinda de Caleb,suas visitas eram constantes, e Abigail sabia disto. – Ele vai entrar na justiça pedindo a guarda de May. – fitei a criança sem saber o que significava a expressão de Abigail, as lágrimas rolaram novamente sem minha permissão. – eu não sei o que vou fazer. – conclui entre soluços inesperados.

Silêncio.

-Tem certeza?

-Não sei. – admiti, desta vez sem fita-la.

-Podemos ligar para um advogado, quem sabe... – Ela expôs toda sua preocupação demonstrando sua vontade em me auxiliar, porém o medo ainda era crescente dentro do peito, era uma dor quase insuportável, insuperável. Suspirei sentindo todos os meus ossos tensos e meu corpo se contraindo a medida que tentava pensar em alguma maneira de sobreviver em meio aquele tiroteio sem fim, chegando a conclusão de que; Seria impossível raciocinar daquela maneira.

-Preciso de um tempo só-, afirmei mudando o rumo do assunto, sentindo a voz abafada por conta das mãos que se encontravam em meus lábios-, teria como ficar com May em quanto tomo um banho?- Perguntei notando Abigail assentir antes mesmo de eu terminar a frase. Seus olhos estavam preocupados e sua feição carregada, sentia-me da mesma maneira.
Levantei-me indo em direção as escadas, notando May querer vir até mim, antes que a mesma executasse tal percurso Abigail pegou-a no colo sussurrando em seu ouvindo um "Ela já volta"


  •  




Assim que me preparava para sair do quarto Abigail entrou no mesmo com May adormecida em seu colo, senti a vontade absurda de enche-la de beijinhos e aperta-la até não parar mais, porém assim não o faria. Não arriscaria acorda-la logo agora que dormia tão calmamente no colo de minha colega.

-Esta tudo bem.- Srª Phillips sussurrou me encarando, antes de depositar a criança na cama logo a nossa frente.

-Eu sei que vai ficar, eu sei que vai ficar tudo bem. - Sibilei baixinho para mim mesma fitando as pálpebras de May, sentindo saudade até mesmo da cor de seus olhos.

-Descanse um pouco Ok?

-Ok. -afirmei concluindo que Abigail não ouvirá o que dissera segundos atras.- Já cuidei de Roger por você. -continuou encarando-me, reprimi os lábios lembrando-me que havia esquecido totalmente deste detalhe.

-Obrigada, não sei o que seria de mim sem você.

-Não agradeça. - Abigail reforçou.- Só diga que se sente feliz por eu te ajudar.- Molhei os lábios sem entender e ouvi assistindo seu sorriso se repuxar e um som engraçado sair de sua garganta, como se ela soubesse de tudo, e eu não soubesse de nada. - Você não sabe o que significa a palavra "Obrigada"? - Permaneci quieta, esperando curiosa por uma resposta a minha interrogativa.

É... Eu não sei de nada, realmente.

- A palavra Obrigada vem do sentido de "Devedor" "Alvo de favor" e Atenção.

Fitei-a ainda sem entender. Ela pareceu notar e não fez questão de tirar o sorriso dos lábios ao me responder.

-Você não me deve nada, nem se quer um favor, por que tudo que eu faço por você e por May não é por obrigação, é por amor.



2 comentários:

  1. Ah, esse capítulo (insira um coração quebrado aqui)...
    Ele é importante para mim por duas razões. A primeira razão é que o mesmo me fez sentir raiva de Caleb. Sei que esse é um sentimento ruim e destrutivo, mas eu realmente gosto de coisas que conseguem me fazer sentir algo. Seja admiração, compaixão, ódio... O que for. Isso significa para mim. Me faz me sentir realmente humana (até porque você sabe, eu não sou deste planeta). É realmente confuso, mas se não fosse, não seria eu. Bem, essa raiva não veio sozinha. Também senti indignação. Por que raios Caleb tem que ser assim? Arre égua, as atitudes dele me pareceram tão crueis.
    A segunda razão que faz esse capítulo ser importante para mim, é o nome que ele leva: Abigail Phillips. Céus! Como eu amo essa mulher. Ela é simplesmente incrível. Minha paixão lésbica. T_T
    Eu a amei desde a primeira vez que a "conheci" e esse amor continua o mesmo, se não estiver maior. Tão bondosa, amorosa e amigável. Meu coração não é de titânio. E para piorar tudo, me vem essa frase "Você não me deve nada, nem se quer um favor, por que tudo que eu faço por você e por May não é por obrigação, é por amor." GAROTA. Você não faz ideia do quanto amo essa frase. Queria que o mundo inteiro pudesse amá-la assim como eu.
    Sem dúvidas é uma das minhas preferidas. Eu lembro que toda frase que eu amava, copiava e salvava no celular. Felizmente, essa é uma mania que voltou a funcionar. Obrigada por me proporcionar isso.
    Eu lhe amo. <3

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  2. Ah, esse capítulo (insira um coração quebrado aqui)...
    Ele é importante para mim por duas razões. A primeira razão é que o mesmo me fez sentir raiva de Caleb. Sei que esse é um sentimento ruim e destrutivo, mas eu realmente gosto de coisas que conseguem me fazer sentir algo. Seja admiração, compaixão, ódio... O que for. Isso significa para mim. Me faz me sentir realmente humana (até porque você sabe, eu não sou deste planeta). É realmente confuso, mas se não fosse, não seria eu. Bem, essa raiva não veio sozinha. Também senti indignação. Por que raios Caleb tem que ser assim? Arre égua, as atitudes dele me pareceram tão crueis.
    A segunda razão que faz esse capítulo ser importante para mim, é o nome que ele leva: Abigail Phillips. Céus! Como eu amo essa mulher. Ela é simplesmente incrível. Minha paixão lésbica. T_T
    Eu a amei desde a primeira vez que a "conheci" e esse amor continua o mesmo, se não estiver maior. Tão bondosa, amorosa e amigável. Meu coração não é de titânio. E para piorar tudo, me vem essa frase "Você não me deve nada, nem se quer um favor, por que tudo que eu faço por você e por May não é por obrigação, é por amor." GAROTA. Você não faz ideia do quanto amo essa frase. Queria que o mundo inteiro pudesse amá-la assim como eu.
    Sem dúvidas é uma das minhas preferidas. Eu lembro que toda frase que eu amava, copiava e salvava no celular. Felizmente, essa é uma mania que voltou a funcionar. Obrigada por me proporcionar isso.
    Eu lhe amo. <3

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