C.H | Three now | Capítulo 4


Três Agora

"Já se sentiu como um trem? Que mesmo vazio tem que continuar a viagem?"




| Parker’s Academy| 18hr17m | Caleb Parker|

Um
dois
três socos.
Quatro
cinco
seis chutes no ar.

O suor escorria das madeixas suadas de Caleb, o ar lhe faltava, mais ele não cessava os golpes. Queria colocar para fora toda a pressão, raiva e pressentimento que estavam acumulados dentro do peito.

Queria descobrir desde que dia começará a sentir tanto ódio por Chelsea, a mulher tinha uma forma imatura e terrivelmente idiota de irritá-lo profundamente. O olhar fuzilador de Chelsea perturbava o pensamento. O amor que sentia por May bagunçava os sentimentos antes organizados. Socou mais; Três, quatro, cinco vezes sentindo os braços reclamarem, caiu no chão gélido do estabelecimento escutando suas próprias arfadas de ar e o coração batendo forte dentro do peito. Os olhos carregados de aborrecimento, uma máscara verídica de frustração e angústia.



|Londres Clinic| February 27th|a oito meses atrás... |

-Ela é linda! – Caleb sorriu, os olhos brilhavam ao ver May dormindo calmamente no cubículo. 
Senhor Clark fitou o irmão mais novo com a insegurança estampada e a incerteza que quase não cabia dentro do peito. Andrew o olhou sorrindo e quando percebeu uma lágrima solitária e silenciosa escorregar no rosto do irmão se aproximou mais e o abraçou de lado.

Ele queria abraçá-lo direito, abraçá-lo por inteiro.

-Caleb... – Baixinho, sussurrado.

Silêncio.

-Você, irmão; É o segundo Pai de May. Eu já lhe considero. – Andrew ameaçou sorrir. – Eu sei e sinto que posso contar com você. – Por um único momento Caleb pensou que aquela frase havia sido dita por conta da emoção e misturas de sentimentos intercalados dentro do coração do irmão, mas logo depois de um tempo entenderá o motivo pelo qual aquelas palavras lhe foram ditas daquela maneira.

-Por que diz isso? – A voz falhada demonstrava o descontentamento e o quanto aquela revelação lhe havia apertado a garganta. Não pelo que fora dito, mas porque não lhe foi completada.

-Eu te amo dude!- O uso do “dude” fez o irmão rir nervoso. Senhor Clark já não tinha lá tanta idade para se referir a Caleb daquela maneira. Andrew teve vontade de lhe perguntar o porquê daquelas palavras dilacerantes e incertas sem final, mas o abraço por inteiro prendeu-se junto a ele que guardou pra si a frase presa na garganta.

Ele se arrependeu por não ter lhe perguntado, a resposta daquela questão definiria todo o sentido de sua vida naquele momento.

| Parker’sAcademy|

Caleb não sabia bem o motivo pelo qual estaria tanto querendo lutar pela guarda de May.

Bem lá no fundo, através do orgulho e por de trás de todo o ego e segurança ele sabia que não conseguiria ficar com May sozinho. Não se via sendo um segundo Pai da criança e aquilo o machucava e o dilacerava internamente. Porque não existe na vida algo mais frustrante do que querer, poder e não ser capaz.

Através daquela mascará de orgulho e segurança, existia um homem que sabia mais do que qualquer outra pessoa que o Juiz jamais cederia à guarda da criança a ele. Existem outros e mais diversos motivos que o levava a acreditar desta maneira, e o que mais lhe incomodava e o mais optativo era o de saber que o mesmo não teria a fragilidade e a sabedoria necessária para conviver, educar e ensinar May as maneiras corretas de se viver a vida.

Ele tinha condições, tinha tempo, tinha amor (e muito), para dar a May, mas não saberia ao certo como estabilizar psicologicamente a menina e prepará-la para assim que crescer; receber a notícia de que Caleb não fora jamais seu Pai, mas sim seu Tio e irmão mais novo de seu verdadeiro que morrerá em um acidente de carro junto de sua mãe. Não, ele não seria capaz.

Talvez o ideal fosse realmente entregar a guarda a Chelsea, a mesma era babá de May, ela era a mulher que mais convivia com Clark e Lillian, conhecia-os mais até do que as próprias pessoas que eram da família e estava próxima de todos sempre. Caleb não teria argumentos justos que pudessem comprovar que ele era a melhor pessoa para ficar com a tutela da criança, Chelsea Campbell estava mais forte que ele não existia modos para contra atacá-la, e ele sabia que apenas a estabilidade financeira, e o tempo não seriam necessários para o bom desenvolvimento e crescimento saudável de May. Existiam outros pontos e quesitos importantes a serem destacados que apenas Chelsea tinha condições e personalidade suficientes de oferecer a bebê.

“Quanto Pessimismo! Nossa!”- Andrew pensou desabotoando as Box. - “Mais é uma linha de raciocínio coerente”-Completou a nota mental terminando de retirar as luvas de suas mãos suadas.

O telefone tocou e o mesmo correu para atendê-lo.


| Caleb Andrew |

“Bombom”

-Que bom que ligou Sarah, era justamente com você que queria falar. – Atendi  ao telefone sem ao menos esperar que Hundson dissesse o que desejava.

“Por quê? Do que precisa meu amor?”

Pare de me chamar assim, pare de me chamar assim.- pensei.

-Não sei se quero mais isso.

“‘Mais isso’ o que? Se refere a nós?”

Também.   -, mas uma nota mental.

-Não sei se quero mais lutar pela guarda de May Parker, como faço pra cancelar?

“Mais logo agora que você está a ultrapassando?”

-Como assim?- Franzi o cenho, sentindo uma raiz de esperança crescer dentro do peito.

“Caleb, isso é coisa séria”-, Sarah modificou o tom de voz-, “não é como se May fosse um brinquedo que pudesse ser esquecido, e o pedido um simples papel que pudesse ser rasgado.” – Suspirei assentindo.

-Você disse que eu estava ultrapassando Chelsea Campbell? –Retornei a afirmação anterior.

“Sim, você tem um ponto a mais! Estive analisando os seus padrões de vida e deduzi que a mesma não está trabalhando, Chelsea não conseguirá manter May por muito tempo” - Pensei por um momento, e concluí ser verídico.

-Você deduziu? – questionei.

“Sim, porém preciso de provas e de alguém que confirme.”

-Eu confirmo. - mordisquei meus lábios repuxando-os em um sorriso, ouvindo uma risada nasalada de Sarah do outra lado da linha. Eu era um baita de um idiota que se quer conhecia as regras e as leis. Sou antiético e imoral por causa disto?

“E as provas?”

Suspirei.

-Não será tão difícil consiga-las.

Silêncio.

“Não desista agora. May está a poucos passos de estar em suas mãos”

Sorri com gana.

“Posso lhe pedir um favor meu amor?”

-Diga.

“Não fale a ninguém que comentei estas coisas com você”

-Como faço para lhe recompensar?- Ri em meio à pergunta, ouvindo um sorriso nasalado vindo de Sarah.

“Que tal começarmos com um jantar?”

  Londres |duas semanas depois|
Chelsea Campbell

-COMO ASSIM “NÃO VOU CONSEGUIR” – Gritava expondo meu nervosismo na voz.

-Cher, eu sinto muito. – Sr Phillips dizia, fitando o chão frustrado para não ter que encarar meu rosto contorcido em uma expressão entristecida. -, não é muito oque podemos fazer, Caleb é tio faz parte do parentesco. É lei que se alguém vir a falecer, a filha ou filho deste casal terá que ficar na guarda de alguém do mesmo sangue. –Ele me encarou desta vez, enquanto eu sentia minhas forças indo gradativamente.

-O que irei fazer?- Perguntei, mais pra mim mesmo que pra ele.

-Eu irei lhe ajudar, mas deixando claro que é tudo incerto. – Sr Phillips sempre fora um homem honesto e de integridade. Era pontual, e gostava que tudo fosse feito certo.

-Promete se esforçar, por mim? –Pedi, já não enxergando outra maneira de prosseguir a não ser sendo forte, sendo Chelsea Campbell.

-Prometo tentar.- Sr Phillips disse, com uma expressão entristecida no rosto que me fez ter vontade de parar por ali. Eu estava sentindo pena, dó de mim mesma. E isto não estava me fazendo bem. Uma frustração tão grande crescia dentro do meu peito que eu até mesmo duvidava da capacidade da mesma ficar maior com o passar do tempo, ou de minha capacidade de aguenta-la até o fim de todos os dias. 

Aprendi que quem suporta um dia, suporta dois, suporta três. E quem suporta uma semana, suporta três, suporta seis. Até que não exista mais nenhum resquício de dor dentro do peito. 

É, eu não estou bem. Infelizmente, ou felizmente; Não sei. Terei de frequentar um psicólogo cedo ou tarde. 

-Obrigada.- Agradeci Sr Phillips com um sorriso no rosto que não passava nenhuma confiança. 

-Desculpe Chelsea. -Disse.-, eu sinto muito tê-la que dizer estas coisas e desencoraja-la desta maneira. Confesso não gostar, mas não posso encobrir as verdades.- Ha! Como eu odiava aquelas palavras corretamente bem ditas, detestava. Detestava arduamente. 

-Tudo bem.- Abaixei a cabeça consentindo. Ao mesmo tempo que a vontade de chorar vinha. O coração parecia se apertar dentro do peito, a medida que eu começava a me imaginar sem May.

E a única pergunta que se instalava dentro do meu pensamento, durante aquele período silencioso dentro do comodo foi: "Quanto tempo mais irei suportar?"


|Dois meses depois| 

Os dias se passaram como a neblina fria de uma manhã de primavera, tudo muito lento,muito calmo, mas agoniante, todos os documentos processuais já estavam prontos e entregues ao juiz. E durante aquele período de tempo os dias na companhia de May tinham ficado poucos,pois eu quase não parava em casa para dar-lhe atenção, Abigail era quem estava me auxiliando com a bebê, e eu agradeceria muito a ela pela ajuda impagável, mesmo tendo seus afazeres a mulher se prontificava sempre que precisava.
Na verdade todos que estavam ao meu redor faziam o que faziam não somente para me ajudar, mas também como uma forma de manter-se limpos de seus encargos de consciência. Se algum dia, algo vier a ocorrer com May eu não me culparei por não ter tentado, Abigail não se culparia e muito menos Sr. Phillips pois todos nos prontificamos a tentar de tudo conforme nossas forças.
Dentro de mim, transpassando meu super-ego existia uma afirmativa que não agradava meu eu. Eu, estava desacreditada, sabia que não conseguiria a guarda da criança e por diversas noites durante estes meses. Eu deixei lágrimas rolaram sob meu rosto.
Eu não acreditava na possibilidade de conseguir a tutela da criança, porque a lei não tem coração, a lei é cega. Por isto, já começava a me preparar para os acontecimentos consequentes, esquematizando tudo para depois dos resultados vindos da lei, eu mentalizei que logo após todos estes conflitos; Arrumaria um emprego e durante as tentativas me hospedaria na casa de Abigail até que tivesse dinheiro suficiente para sair de Londres sem que a mesma percebesse. Deixando para trás ela, sua família, May e todas as lembranças que me prendiam aquele lugar.

Egoísmo da minha parte? Sim! Mas fora a única maneira que encontrei de seguir em frente, sendo assim; O que poderia mais fazer ?

 -Chelsea? - Abigail entrou no quarto sussurrando meu nome enquanto rapidamente fitava May que dormia tranquila no berço, antes que seus olhos verder encontrassem os meus através do espelho. Os meus lagrimejaram,porém estava tão cansada e fadigada daquela tristeza emocional e da correria daqueles dias, que não me permitiria chorar mais.

-Estou bem.-Respondi lendo seu olhar. 

-Sarah Hundson e Caleb estão lhe esperando lá em baixo. -Suspirei, sentindo vontade de jogar algumas peças de roupas para dentro de uma mala qualquer, unir May em meus braços e partir para um lugar desconhecido sem aviso prévio.

-Já estou descendo. Obrigada por avisar Biul. -Sorri pra ela,sendo abraçada pela mesma logo em seguida. 

-Estou indo, fique bem Okay?- Ela me fitou com os olhos carregados de preocupação

-Tudo bem Mamãe.-Afirmei, e mesmo com toda preocupação fui capaz de sorrir junto da mesma. 

-Obrigada. -Disse recebendo um último olhar que dizia muita coisa, ri.





-Oi. -falei, após terminar de descer o último degrau da escada recebendo assim o olhar de Caleb e Sarah sobre mim, sorri amarelo sentindo o coração bater descompassadamente. 

Raiva. Eu sentia muita raiva de Caleb Andrew

Percebi a irritabilidade dele e as mãos de Sarah sobre sua coxa também, revirei os olhos. Era tipico do homem fazer de um a mil para conseguir o que almeja.

-Diga logo o que quer Sarah, ela já está aqui. -Caleb falou impaciente e meu coração perdeu algumas batidas quando notei a expressão severa e séria de Hundson. Suas mãos não brincavam mais com a tecido da calça de Andrew. Sentei-me me decidindo entre ficar nervosa ou impaciente.

-Bom dia Chelsea. - Sarah disse, ignorando completamente o comentário de Caleb, ouvindo-o bufar. Me controlei para não fazer o mesmo. 

-Confesso que, dentro destes sete anos de carreira profissional, jamais ouvi e chegou a minhas mãos caso tão difícil quanto. -Ela pegou os óculos Rayban colocando-os para fitar as folhas em sua mão por debaixo do grau forte do mesmo.-, O juiz avaliou a versão de ambos advogados e os mesmos foram muito convincentes.- Suspirei, o coração saltava dentro do peito, parecendo não querer parar mais.-, Na verdade. - ela soltou a respiração fitando Caleb por debaixo dos óculos, revirei os olhos.-, a guarda era pra ser de Caleb Andrew - Vi, quando as órbes azuis do homem se arregalaram. Um mero sorriso quase se repuxava em meus lábios, haa se não fosse o nervoso.-Mas, a versão vinda do Advogado de Chelsea Campbell fora muito observadora e coerente. -Sorri desta vez.-, porém Cher querida, você não terá tanto conforto material para dar a May quanto Caleb- Ele sorriu pra mim desta vez e a ira domou-me por inteiro, a vontade de arranhar aquela carinha com minhas unhas crescia gradativamente, eu conhecerá muito bem aquele sorriso irônico e sarcástico que lançará em minha direção, e ele parecia saber o quanto aquilo me irritava profundamente. -, porém a melhor condição psicológica somente quem poderá oferecer a May será Campbell, e isto já é cientificamente comprovado. Nenhum de vocês dois podem dar tudo a pequena. Então... Com a permissão vinda do juiz que procede a este caso, como assiste social e psicóloga decidi inovar um método de avaliação.

Eu e Caleb fitamos a mulher a nossa frente com interrogação, uni minhas sobrancelhas em quanto não sabia que sensação melhor me descreveria naquele momento.



Silêncio



-Unindo, Caleb Andrew Parker e Chelsea Campbell. - Parei.

-Como assim?- Eu e Andrew perguntamos juntos e no mesmo instante nos entreolhamos com a ira estampada nos rostos. 

-Vocês dois passaram -por tempo indeterminado- a conviver juntos. - Aquilo não poderia ser real, gargalhei nervosa atraindo a atenção da mulher, neguei para que ficasse clara a minha rejeição e indignação.- Caleb passará a morar aqui. - completou, uma explosão de ira, raiva e contragosto estourou dentro do meu coração. Nunca me sentirá tão frustrada em toda minha vida. Andrew apenas observava tudo perplexo e de olhos esbugalhados.

-Não vou fazer isso.- Neguei

-E eu - o homem apontou pra si -, muito menos. Conviver com essa aí? Jamais.

-"Essa aí?" Como assim Caleb?! - Exclamei indignada com o modo como se referiu a mim.

De repente o comodo ficou pequeno tamanho o barulho de ambas as vozes falando juntas. Não daria certo, nunca daria.

-GENTE! -A assistente elevou a tenacidade da voz.

Silêncio.

Metade de um coração batendo forte em meus ouvidos, eu era capaz de ouvi-lo.

-Ou é isso Chelsea- Hundson me fitou-, ou dê adeus a May Parker. Nosso objetivo não é fazer vocês dois tonarem-se um casal.-disse-, nosso objetivo é fazer criar entre vocês dois um laço -nem que seja minimo- de compreensão, para que a criança não cresça e tenha futuros problemas e transtornos, mais um né? Já que perderá os pais.-Ressaltou Luna fechando os olhos por um momento.- Queremos dividir o tempo de May Parker entre vocês dois, pois só juntos serão capazes de dar a educação perfeita e completa a pequena.

-Não existe outro modo de fazer isso?- Caleb disse, voltando nossa atenção para sua figura- Por que tenho que vir pra cá?

-Parker esta questão envolve termos psicológicos, um dia terei chance de explica-los corretamente.

O silêncio se instalou no local. 


Minha última nota Metal para este Capítulo, se resume tão somente em uma simples frase: "OH! SHIT, estamos ferradas May Parker."

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Preciso desabafar. Tenho uma relação de amor e ódio por Caleb. Às vezes quero abraçá-lo, já em outras eu quero jogá-lo de um precipício. Como proceder? Sobre Cher... Ah minha querida Cher <3

    Ps: Segunda vez escrevendo esse comentário. Eu tô bem triste. Da primeira vez estava tão bacana, desculpe. T_T

    "A lei não tem coração, a lei é cega." Apenas fatos. </3

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  3. Algo está errado. Cortaram essa parte do meu comentário: "Ah minha querida Cher </3 Queria guardá-la em um potinho e lhe dizer que tudo vai ficar bem, ao som de Be Alright :( Por que as coisas tem que ser tão difíceis? É realmente incrível quando nos apegamos aos personagens. Suas dores passam a ser nossas também. Assim como suas alegrias e conquistas. Espero ter muitas coisas boas para celebrar com Cher. Obrigada por me proporcionar essa leitura eu lhe amo imensamente. "

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