C.H | Changes | Capítulo 8

Mudanças.





Eu não preciso de você Caleb! –Exclamei, retirando suas mãos que antes estavam postas sob minha cintura em um impulso nervoso.

-Para de ser orgulhosa Chelsea! – Sua voz grossa elevou-se alguns tons mais altos enquanto meus olhos se erguiam rapidamente, tamanho o susto. 

Silêncio.

-Será que não vê? –Abaixei o olhar, fitando os dedos de meus pés. Enquanto sentia a voz dele diminuir alguns tons, aquilo me acalmou por algum motivo. – Será que não percebe que teu orgulho está te impedindo de ser a pessoa madura que eu sei que é. – Sentia-o se aproximar mais de mim, encolhi os ombros sem ter o que responder enquanto meu coração pulsava fortemente dentro do peito.
Meu corpo inteiro dizia pra eu lhe xingar e impedir que o dissesse todas aquelas coisas, mas algo dentro do meu coração pedia para que lhe desse atenção que buscasse entende-lo, eu mesma não compreendendo meus próprios sentimentos, preferi buscar esclarecer toda aquela bagunça de acontecimentos.

-Por que isso agora? – Levantei o olhar, buscando pelas Iris esverdeadas em um pedido de ajuda silenciosa, a voz já começava a embargar e a garganta trancando a cada impulso de palavras proferidas.
-Por que isso agora? –Parker repetiu minha pergunta, como se quisesse ter certeza do que eu havia dito.

Gostaria de deixar claro, o quanto eu odiava quando ele fazia isto. 

-É... –ergui meu olhar novamente, só que desta vez fui capaz de encontrar com os dele.
 Algo parecia perdido ali, Caleb parecia magoado por alguma coisa, ou entristecido. – Porque você me odeia Parker, você me detesta! E eu sei, - a voz falhou enquanto as lágrimas teimosas cismavam em querer cair por sob meu rosto, engoli o choro e reuni coragem para prosseguir com a voz mais limpa. – E eu sei, que isso tudo que você está tramando é apenas para conseguir me enfraquecer e ficar com a guarda de May! – Só o fato de cogitar a possibilidade de aquela afirmação ser verídica, já causava em mim uma raiva insana do homem. – Pois fique você sabendo, - me aproximei erguendo o olhar, fitando seus orbes verdes, apontando-lhe o dedo indicador em direção ao seu peitoral -, que não vai conseguir! –Esbravejei, sentindo a tal conhecida queimação nos olhos, a vontade de chorar já era maior que tudo, só que eu jamais me permitiria.

Em um impulso desconhecido eu vi quando a mão direita de Parker se encaixou em meu pulso nivelando o mesmo com uma pressão indolor, tentei tirar esta dali, mas foi impossível, pois seu corpo já começava a tomar direção ao meu, dei alguns passos para trás na tentativa de impedir sua aproximação, porém, senti quando minhas costas se chocaram com o balcão, impedindo completamente meu corpo de continuar recuando, me restando apenas levantar o olhar e encará-lo e esperar por algum pronunciamento.

- Chelsea, me diga; O que você pensa que eu sou? – a pergunta fora feita em tom sutil, as mãos de Parker já não se encontravam mais em meu pulso, mas eu ainda era capaz de sentir seu corpo batendo contra o meu, fechei os olhos, sem conseguir encontrar palavras. -, tudo bem, eu entendo a sua insegurança, entendo teu medo de perder May, é justificável; Sabe que tenho grandes chances de conseguir conquistar a guarda, por ser tio da garota, mas você acha realmente que isso justifica o fato de você me odiar? Olha, não faz sentido essa tua insignificância, essas implicâncias repentinas.

Respirei fundo, reprimindo os olhos fortemente. Assim que os abri, os de Caleb me fitaram intensamente. Tentei me desvencilhar, mas as palmas de suas duas mãos se espalmaram na parede, me impedindo de realizar o objetivo impossível de se alcançar.

-Me responde; Custa você ser mais matura? Custa fazer o teu melhor e deixar de ser tão ignorante? Porque no fundo Campbell, eu sei que essa tua marra não passa de defesa e escudo pra tua fraqueza encoberta.

-Que papo é esse Caleb? –Questionei, franzindo o cenho. Achando completamente idiota todo aquele discurso repugnante. E ignorando totalmente o fato de que aquelas palavras haviam me magoado terrivelmente. 

-Que papo é esse? –E novamente, o mesmo repetiu a pergunta que outra hora, eu havia feito. Assenti enraivecida com o fato de nossas respirações estarem se chocando. - Que tal parar com toda essa marra Cher? – Apenas umas de suas mãos deixaram de tocar a parede, e eu senti a descarga elétrica de uma destas por estarem gélidas proporcionou ao tocar minhas bochechas quentes, por conta da fúria que fazia o sangue se concentrar nas maçãs de meu rosto. Fechei os olhos, desta vez calmamente, apenas apreciando o quão bom era o carinho que ele  fazia delicadamente em minha pele. – Diz pra mim. – Meus olhos capturaram os de Caleb se fechando devagar, e eu não consegui não fazer o mesmo, tanto tempo sem receber nenhum sinal de afeto ou carinho, me fizeram esquecer completamente o quão bom eram. – O que está acontecendo com você? –Ouvi sua voz grossa assumir um tom nasalado, suspirou em seguida.

-Estou com medo. –Admiti, em um sussurro. Ainda nos encontrávamos de olhos fechados. –Com medo. –repeti novamente, as mãos de Parker faziam um carinho suave em minha bochecha, e eu apenas apreciava o toque suave de seus dedos grossos roçando em minha pele.

-Do que? – Ele devolveu.

-De tudo. –sussurrei novamente, sem me importar com a raiva e orgulho, com o amor próprio e todas aquelas merdas que me faziam enfraquecer. Eu senti seu rosto cada vez mais próximo do meu, tanto que já era capaz de perceber seus lábios quase grudando nos meus.

-Me diz, do que? – A medida que o mesmo se pronunciava o roçar de lábios se tornará mais intenso.

-De perder May, de... De não ter pra onde ir. – Admiti com as lágrimas rolando no rosto, já não encontrava mais motivos para prendê-las. Eu teria que começar a perceber que não era possível um ser humano mediante uma situação complicada e difícil de passar permanecer forte o tempo inteiro, às vezes, na vida temos que nos permitir enfraquecer nem que seja por um momento.

Eu abri os olhos por um único momento e percebi que os de Caleb ainda permaneciam fechados.

-Você tem a mim agora. – Ele sussurrou-, estou aqui e vou lhe ajudar com May.

-Você vai tirá-la de mim. 

-Não.

-Por que diz isso? – Abri os olhos, franzindo as sobrancelhas e percebi a pequena parada na entrada do cômodo observando eu e Caleb, quase me permitir sorrir. O homem abriu os olhos e eu pude fitar os seus orbes claros mais de perto novamente.

-Porque eu preciso muito de você Cher. – Ele desviou o olhar para o chão como se admitir aquilo fosse terrivelmente constrangedor, o que de fato deveria ser afinal, eu odiava Caleb, e ele até mais do que eu, sabia disso. –Acho que jamais conseguirei cuidar de May sozinho. –Os olhos se fecharam por um instante e eu pensei ter ouvindo errado, mas não. Só depois fora compreender que ele não era como eu, não era orgulhoso e infantil. Sabia admitir quando precisava de algo ou alguém.

Toquei seu rosto com os dedos descendo até seu queixo, levantando-o podendo fitar sua face por completo.

-Eu acho que também preciso de você. – Sussurrei, e notei um sorriso se formar sob seus lábios rosados esticados, revelando uma fileira de dentes brancos. Sorri também, fitando o riso do homem a minha frente em um silêncio, que não era de modo algum constrangedor, agora parecíamos estar mais perto, mais achegados um ao outro.

-Posso contar com você? –Questionei por conta da minha insegurança incontrolável.

-Pode. –Ele afirmou, plantando um beijo em minha testa.

Sorri de olhos fechados.

Uma semana depois...
|Casa dos Parker’s|

O dia amanhecerá nublado, as nuvens cinzas encobertavam o céu pintando-o de escuro. 
Desci as escadas enquanto observava a parede em busca de algo que demarcasse o horário, me certifiquei de que ainda estava cedo o bastante para que tivesse tempo suficiente para preparar o café reforçado de May antes que a mesma despertasse, desta vez modificando o mesmo por um cereal que continha vitaminas específicas para o bebê em fase de desenvolvimento, aproveitando para preparar um café da manhã reforçado para mim e Caleb. Sim, para mim e Caleb. Incrível como as coisas mudaram entre nós desde a conversa que tivemos, descobri que é preciso tomar as rédeas da situação e buscar sempre o melhor para May, independente dos meus pré ceitos sobre ele, May precisava de atenção, May precisava do ensino correto e da dedicação necessária, e eu sabia que não tería como estabelecer uma educação saudável a pequena brigando o tempo inteiro com o homem, precisávamos agir com maturidade e encarar os acontecimentos como aprendizados.
Eu sabia e Caleb também que independentemente de quem conseguisse a guarda da menina, nosso contato jamais seria totalmente rompido, porque nossa ligação com a pequena ia além de qualquer circunstância.
Já tinha posto em minha mente e coração que não importava qual frustração me viesse ocorrer, ou qual presente situação viesse me abalar, eu sempre teria feito por May aquilo que fora capaz e até mesmo o que achará incapaz fazer, havia aprendido que não teria motivos que me gerassem culpa, receio ou medo. E agora, eu tinha a certeza de que Caleb não era assim um cara totalmente errado ou incorreto para May.

-Bom dia. – Ele se aproximou de mim tocando uma das mãos em minha cintura e meu corpo tremeu por um motivo incoerente. Virei-me, percebendo que o mesmo estava com May em seus braços desnudos. Arquei uma sobrancelha, observando seus olhos pouco inchados por conta do cochilo recente. O bebê apoiava a cabeça no colo do homem, me fazendo quase sorrir pelos olhinhos também inchados.
Andrew grudou as mãos nas minhas costas e me aproximou para um beijo estalado na testa. Desvirtuei-me por um segundo sem saber exatamente que palavras usar, era incrível como em muitas situações parecíamos como uma família linda e feliz. 

-Bom dia. –Sorri, tinha certeza que meus olhos brilhavam, porque pela primeira vez em algum tempo eu estava sentindo aquela tão conhecida e pouco apreciada por mim "felicidade" . 
A sensação de certeza grudava nas paredes de meu coração, a sensação de certeza é muito parecida com o orgulho de si mesmo, é aquele tipíco reconhecimento de que você não poderia estar fazendo algo tão certo, não poderia estar no lugar mais propício, não poderia ter escolhido outra opção se não, a de estar ali.

O perfume do homem aquecia meus pulmões agradavelmente, me fazendo chegar a conclusão de que, estava começando a me acostumar com ele em meu encalço e isto não era nada bom.


Um ruim bom. Era um mal que fazia bem.

Sentei-me na mesa também depois de já ter envolvido May de beijos carinhosos em forma de bom dia.

-Cher...-Caleb me chamou, e se ele não estivesse me encarando eu sorriria pela forma com a qual seu tom de voz arrastado soava em meu apelido.

-Hum...

-Estava pensando, acho que não vou conseguir ficar dentro desta casa, por muito tempo. –Seus olhos alcançaram um ponto invisível atras de mim. Arrastei a cadeira um pouco mais para seu lado, achando difícil demais a tarefa de romper a distância que impedia  seu perfume alcançar minhas narinas.

-Por que? –Franzi a sobrancelha buscando o contato com seus olhos.

-Sei lá... Muita bagagem, muitas lembranças. De... De Clark e Lillian . – Os olhos do homem se umedeceram .

-Está sugerindo se mudar? –Deduzi compreendendo seu real sentimento, e me sentindo feliz por saber que ele havia sido sincero .

Silêncio.

Até May estava quieta . Talvez, o sono ainda não tivesse lhe abandonado.

Caleb parecia imerso em pensamentos, enquanto em meu amago eu implorava que alguma ideia confortável e possível se desenvolvesse em seu cérebro.

-Que tal, se ... Se reformássemos a casa? – Seus olhos voltaram a brilhar e um sorriso nasceu em seus lábios crispados. Sorri também, achando impossível controlar a alegria crescente em meu coração.

- Ótima ideia! . - Exclamei, sendo capaz de ouvir a gargalhada da pequena ao observar nossa alegria, aquilo encheu meu peito de felicidade. - Você achou uma ideia boa meu amor? -Olhei-a com amor sendo capaz de sentir sua agitação inundando o ambiente, parecendo deixar o dia mais claro. 


| Parker's Academy | 

Caleb Parker

- Caleb ? - Sarah entrou inundando o ambiente com seu perfume adocicado. Sem se importar em me saudar com um bom dia, olhei-a atentamente.
Bonita demais pra existir. 
-O que você deseja? - Parei o treino de manopla com meu parceiro de luta e desci do ringue de box sorridente para ir ao seu encontro. 
-Por enquanto, desejo um minuto de seu dia. -A mulher passou a mão de unhas grandes em meu rosto soado e eu desviei lentamente repudiando seu toque em minha pele úmida, não por não querer, mas por estar daquele jeito. 
-Me acompanhe. -Pedi e seguimos rumo a um lugar mais reservado da academia.
-Estamos com problemas. -Sarah falou sem se quer esperar que eu me virasse para olha-la.
-Qual problema? - Perguntei sentindo a aflição e curiosidade dominar meus neurônios. 
-Os avós maternos de May. - Afirmou firme.   
-Por quê eles seriam um problema? - Perguntei.
Sarah respirou fundo e depois de ter observado algo perdido do outro lado da janela, me olhou com seriedade. 
- Quando, os dois pais de uma criança menor de idade vem a falecer, a lei permite que se nomeie um tutor para essa função, sendo que se observa a regra de preferência dos avós, irmãos maiores e só depois os tios. - Ela apontou pra mim. - Entre os parentes de mesma classe, os mais velhos têm preferência sobre os mais jovens.
-E o que tudo isso quer dizer ? - Questionei franzindo as sobrancelhas começando a ser dopado pelo pavor que a possibilidade de perder a guarda de May causará  em mim.
-Isso quer dizer que os avós maternos de May podem conseguir a guarda da menina. -Afirmou.
-Mas... - Comecei falando sem conseguir dar continuidade ao pensamento pois minha mente viajava em busca de alguma lembrança dos pais de Lillian, os avós maternos de May.-, eles procuraram a justiça alegando querer a guarda da garota? - perguntei. 
-Não. Isso é lei Caleb, ela é quem diz que a guarda é dada aos avós maternos ou paternos, o juiz conhece bem delas... E muito provavelmente conseguiu entrar em contato com esse parentesco de May. 
A lei age nas entrelinhas, não é como se ela tivesse um coração, que soubesse ser melhor pra May ficar com você. - Sarah se achegou mais a mim tocando em meu ombro. 
-O que eu vou fazer ? -Perguntei sem conseguir achar uma solução. 
-Primeiro, contate seu advogado e explique a ele a situação. - Começou ela devagar se aproximando cada vez mais de mim, suspirei... Aquele perfume enlouquecia. -, ele não vai poder fazer muita coisa pra te ajudar, mas talvez te direcione a um melhor caminho. - Percebi meus olhos fechados, como um impulso do meu cérebro para não enxergar a tentação, mas por quê diabos estava tentando fugir dela?
-Quem pode me ajudar melhor então? - Perguntei incapaz de encobrir minha insegurança. 
-Docinho, eu posso te ajudar. - Afirmou convicta, me passando uma confiança extraordinária , sorri esperançoso. 
-Com uma condição. - Ela ergueu o dedo indicador e eu fui capaz de ver suas unhas vermelhas reluzirem e depois se aproximou quase colando nossos lábios.

-Que você seja meu.







“Não existem pessoas certas e erradas. A que for errada pra você, com certeza, será a certa de um outro alguém.”

Querido John - 2010


Nota Breve da autora: Agradecer a Mel pela critica construtiva, qualquer outra será muito bem-vinda amor. 
Enfim, estou me esforçando pra deixar os capítulos maiores, mas o blogger está sendo atualizado quase todos os dias. 
Beijos enorme e até breve <3

5 comentários:

  1. Cara, você é maravilhosa! Aquela foi a única coisa que eu notei mesmo. Duvido que haja mais.
    Tem capítulo saindo todo dia <3 Adorei
    Quero mais, Rutchê!
    Beijooooos, to esperando o próximo :D

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  2. Esse capítulo é tão amável. Senti vontade de chorar ao fazer a leitura do mesmo. Eu fico maravilhosamente encantada com a sua capacidade de conseguir passar os sentimentos dos personagens de forma tão natural. De forma tão bonita.
    Eu sinto por eles, eu sinto COM eles. Como posso ser grata o suficiente por isso?
    Mas nem tudo que é bom, permanece para sempre. Sarah infelizmente deu as caras e não veio sozinha. Trouxe com ela a pior das notícias. :(
    Olha, agora eu tenho certeza. Não é ódio gratuito que eu tenho em relação à ela. Eu tenho razão para tal. Bicho ruim. <3

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Não sei o que está acontecendo, mas estão cortando meus comentários. T_T

    "Para acabar com toda a minha estrutura, você me vem com essa frase de "Querido John" no final. Minha estrutura emocional está abaladíssima, por motivos de Couple Half. Pode continuar. Pode destruí-la completamente. Fui enviada ao mundo para sofrer heu.
    Obrigada por me proporcionar essa leitura, eu lhe amo. <3"

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